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Governo de Israel abandona a neutralidade e fala em ‘crimes de guerra’ da Rússia na Ucrânia

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Dois importantes ministros acusam Moscou pelas mortes em bucha, enquanto o premiê Naftali Bennet ainda tenta manifestar isenção

Membros da cúpula do governo de Israel deixaram o tom isento de lado e passaram a culpar a Rússia pelos abusos cometidos na guerra na Ucrânia. Se o primeiro-ministro Naftali Bennett ainda mantém o tom comedido, sem citar Moscou ao condenar o que chamou de “visões terríveis em Bucha”, importantes membros de seu governo passaram a usar a expressão “crimes de guerra” e a acusar explicitamente as tropas russas

Yair Lapid, ministro das Relações Exteriores, foi um que deixou a diplomacia de lado após o massacre da cidade de Bucha, cujas imagens foram reveladas no último sábado (2). “As imagens e os testemunhos da Ucrânia são horríveis. As forças russas cometeram crimes de guerra contra uma população civil indefesa. Condeno veementemente esses crimes de guerra”, diz um comunicado oficial citado pela agência Reuters.

As palavras de Lapid indicam uma mudança de foco de seu Ministério e, possivelmente, do governo de Israel como um todo. Ate então, o país tentava não se posicionar a favor ou contra qualquer um dos dois lados, vez que é um dos poucos a manter boa relação tanto com a Ucrânia quanto com a Rússia.

O próprio Ministério das Relações Exteriores, liderado por Lapid, chegou a adotar o tom isento mesmo após a revelação das imagens em Bucha. No domingo (3), o embaixador de Israel na Ucrânia, Michael Brodsky, comentou o massacre no Twitter. “Profundamente chocado com as fotos de Bucha. O assassinato de civis é um crime de guerra e não pode ser justificado”, disse o diplomata.

Então, um porta-voz do Ministério tentou amenizar as palavras, segundo o jornal local Haaretz. Questionado se aquilo era uma acusação contra a Rússia, o funcionário desconversou. “Não. É um tweet do embaixador sobre as fotos. Ele não culpou a Rússia”.

De fato, Brodsky não cita diretamente Moscou em seus posts sobre o assunto. Entretanto, mais tarde, o diplomata reproduziu um post citando a acusação de Lapid, um claro sinal de que a neutralidade foi deixada de lado pela diplomacia israelense.

Diferente de seu corpo diplomático, o premiê ainda tenta manter a posição de neutralidade e não fez referência explícita a Moscou. “Estamos chocados com as terríveis visões em Bucha. Cenas terríveis… E as condenamos”, disse Bennett em entrevista coletiva. “O sofrimento dos cidadãos ucranianos é imenso e estamos fazendo tudo o que podemos para ajudar”.


Naftali Bennett, premiê de Israel, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, em outubro de 2021 (Foto: Creative Commons)

Se o líder do governo insiste no comedimento, este já foi deixado para trás faz tempo pelo ministro da Saúde Nitzan Horowitz, que apontou o dedo diretamente a Moscou. “É muito difícil ver as fotos do massacre em Bucha. Mas não se deve desviar o olhar, nem desviar a atenção dos crimes de guerra cometidos pela Rússia. Um crime contra a humanidade, contra a liberdade, os direitos humanos e todo o mundo democrático”, disse ele no Twitter.

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