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Saúde

Anabolizantes: o que são, quais os riscos e quando são indicados

Conselho Federal de Medicina proibiu a prescrição das drogas para fins estéticos e de performance.

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Entenda o que são os anabolizantes, seus riscos e por que foram vetados para fins estéticos pelo CFM

Os hormônios esteróides que promovem o crescimento celular, chamados anabolizantes, podem ser naturais e sintéticos. — Foto: Freepik

Os hormônios esteróides que promovem o crescimento celular, chamados anabolizantes, podem ser naturais e sintéticos. — Foto: Freepik

O Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes para fins estéticos e de performance.

A decisão foi tomada após seis sociedades médicas divulgarem uma carta conjunta pedindo para que o CFM regulamentasse a medida, alertando sobre as evidências científicas atuais e os problemas de saúde relacionados ao uso indiscriminado das drogas.

Mas o que são os anabolizantes, quais os riscos de seu uso indiscriminado e quando (em alguns casos clínicos) eles são indicados?

Entenda abaixo.

O que são os anabolizantes?

 

Os esteroides anabolizantes são drogas, administradas principalmente por via oral ou injetável, que se assemelham à testosterona ou outros andrógenos (hormônios masculinos produzidos nos testículos).

Por isso, também são chamados de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA).

Em alguns casos, como de pessoas com hipogonadismo masculino (um problema na produção da testosterona) e aquelas com certos tipos de câncer de mama, esses medicamentos costumam ser prescritos.

⚠️No entanto, os esteroides anabolizantes também são indevidamente utilizados com finalidade estética, para ganho de massa muscular, uma prática que não tem comprovação científica e está associada a diversos riscos.

Por que eles são usados (indevidamente) para fins estéticos?

 

Essa hipertrofia muscular (o aumento de tamanho dos músculos) acontece porque os anabolizantes promovem o crescimento celular e a sua divisão, que leva ao consequente aumento no tamanho do músculo.

Porém essa prática, traz diversos riscos de saúde potencialmente graves, incluindo lesões hepáticas, que podem ser fatais (veja mais abaixo).

“O grande problema é que, para fins estéticos, essas substâncias costumam ser utilizadas em altas doses e têm uma procedência duvidosa na sua fabricação”, explica Sergio Pessoa, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, uma das entidades que assinou a carta ao CFM.

 

Além disso, de acordo com a legislação brasileira, esses medicamentos estão sob controle especial e só podem ser vendidos em farmácias e drogarias mediante receita médica.

Em nota publicada nesta terça-feira, o CFM destacou ainda que nao existem estudos clínicos “de boa qualidade metodológica” que demonstrem a magnitude dos riscos associados ao uso das drogas em níveis acima dos fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres.

“O uso indiscriminado de terapias hormonais com EAA, incluindo a gestrinona, com objetivos estéticos ou para o ganho de desempenho esportivo, é hoje uma preocupação crescente na medicina e para a saúde pública, uma vez que, de acordo com as mais recentes evidências científicas, não existem benefícios notórios que justifiquem o aumento exponencial do risco de danos possivelmente permanentes ao corpo humano em diferentes órgãos e sistemas com sua utilização”, disse a relatora e conselheira federal da entidade, Annelise Menegusso.

Quais os principais riscos do uso indiscriminado?

 

De forma geral, diversos problemas de saúde estão associados ao uso indevido de anabolizantes. Segundo o Ministério da Saúde, os principais efeitos adversos são:

  • tremores;
  • acne severa;
  • retenção de líquidos;
  • dores nas juntas;
  • aumento da pressão sanguínea;
  • tumores no fígado e pâncreas;
  • alterações nos níveis de coagulação sanguínea e de colesterol;
  • aumento da agressividade, que pode resultar em comportamentos violentos, às vezes, de consequências trágicas.

 

Há também aqueles efeitos crônicos causados pelo consumo indevido desses produtos.

São eles, entre homens:

  • redução na quantidade de esperma;
  • calvície;
  • crescimento irreversível das mamas (ginecomastia);
  • impotência sexual.

 

Já entre as mulheres:

  • engrossamento da voz;
  • crescimento de pelos no rosto e no corpo;
  • redução dos seios;
  • irregularidade ou interrupção das menstruações.

Fora tudo isso, se o consumo começa cedo, ressalta o ministério, como na pré-adolescência, o crescimento pode ser interrompido, deixando o usuário com baixa estatura.

Além disso, o uso das injeções de anabolizantes pode levar ao risco de infecção pelo HIV e pelos vírus da hepatite, se as agulhas forem compartilhadas.

Seringa com anabolizante usado para provocar hipertrofia muscular — Foto: Pixabay

Seringa com anabolizante usado para provocar hipertrofia muscular — Foto: Pixabay

Por que as entidades pediram a regulamentação ao CFM?

Além de citar esses riscos do uso indiscriminado, na carta enviado ao CFM, as entidades médicas ressaltaram que seus sócios especialistas e associados estavam vivenciados cotidianamente “um número crescente de complicações advindas do uso indevido dos hormônios”.

“Paralelamente, é crescente e preocupante a disseminação de postagens, em redes sociais, fazendo apologia ao seu uso, transmitindo uma falsa expertise e segurança na sua prescrição, colocando em risco a saúde da população”, diz o documento.

No texto, as entidades ainda ressaltaram o problema advindo de anúncios patrocinados sobre os produtos, que “fazem um verdadeiro comércio de cursos intensivos de prescrição de hormônios anabolizantes e ‘chipagem’ hormonal”.

“O público-alvo é formado, especialmente, por jovens médicos recém-formados que, seduzidos por promessas de altos rendimentos, diferenciação e colocação rápida no mercado de trabalho, acabam por seguir esses caminhos, que se apresentam como fáceis atalhos. Alie-se a isso uma percepção de impunidade, muito por conta da presença constante de propagadores dessas estratégias medicamentosas”, acrescenta o texto.

A carta conjunta foi assinada pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Urologia, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Federação Brasileira de Gastroenterologia.

“Essa ação se faz necessária, por atingir não apenas a classe médica, mas por ter caráter pedagógico e de alerta ao público leigo, também amplamente atingido por informações deturpadas e inconsequentes a respeito desse assunto, mas comumente bem elaboradas e atraentes”, dizem as sociedades médicas.

E quando os anabolizantes são de fato indicados?

 

Existem poucos casos clínicos nos quais as drogas costumam ser indicadas.

Como indicado no começo do texto, os principais são aqueles associados ao hipogonadismo masculino (um problema na produção da testosterona) e com certos tipos de câncer de mama.

“Mas a nossa preocupação com esse tipo de uso indiscriminado do hormônio é tão grande que mesmo naqueles pacientes que precisam de reposição hormonal, nós temos critérios de contraindicação, como por exemplo, para aquelas pessoas que têm câncer de próstata não controlado, obesos com apneia do sono, etc.”, detalha Alfredo Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.

Por isso, antes de prescrição ser indicada é necessário a realização de alguns exames e procedimentos específicos para a constatação do quadro.

E segundo o Ministério da Saúde, somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar os remédios.

Fonte : Portal G1

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