Saúde
Dormir pouco faz muito mal; entenda os vários danos à saúde
Ser negligente com seu sono é ser negligente com a sua saúde, já que ele desempenha um papel fundamental no funcionamento de quase todos os sistemas do corpo.
Trabalhe enquanto outros dormem? Não é bem assim: cuidado com os prejuízos da privação de sono
Mais do que causar uma sensação de cansaço, a falta de sono pode impactar negativamente na nossa saúde. A privação afeta a imunidade, o humor, a qualidade e função cognitiva.
Para saber se você está em falta com seu sono é preciso ter uma referência de quantidade. Para chegar a uma média, você pode criar o seu diário do sono, anotar os horários que dorme e acorda e tirar uma média. Geralmente, a média da pessoa adulta é de 7 a 8 horas por noite, mas o número pode ser um pouco maior ou menor.
A partir dessa média, é possível descobrir se você anda devendo horas de sono para o seu corpo.
(Esta reportagem é parte de uma série que o g1 publica ao longo desta semana sobre o tema, já respondeu se “dormir mais de 8 horas é preguiça?” , se “posso levar o celular para a cama?” e que ainda vai explicar como medir seu tempo ideal de descanso e por que cientistas defendem que as aulas nas escolas comecem mais tarde.)
Déficit crônico e agudo
É possível classificar a privação de sono em duas frentes:
Déficit agudo: dura um período curto, de um, dois dias;
Déficit crônico: conhecido como a síndrome do sono insuficiente, dura três meses ou mais e traz consequências mais sérias para a nossa saúde.
“O déficit agudo pode levar a uma sonolência no outro dia, a uma diminuição da resposta psicomotora (o reflexo). Se você diminui o reflexo, aumenta a propensão a ter acidentes, seja doméstico, de trabalho ou até mais grave, como acidente de carro. Ele também pode levar ao aumento da impulsividade nas relações, com a comida”, explica Alan Luiz Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono na FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo).
Já o déficit crônico afeta mais a nossa saúde. “Ele está associado a prejuízos na esfera da saúde mental (depressão, ansiedade, síndrome do pânico); você também diminui suas funções cognitivas (memória) e a consolidação dessa memória; aumentam os riscos de doenças crônicas – e para quem tem a doença estabelecida, aumenta a dificuldade de controle”, completa o professor de neurologia.
Dormir pouco faz muito mal
As consequências da privação de sono podem ser muito graves. Estudos apontam que dormir menos de 6 horas está associado ao aumento da mortalidade.
Ser negligente com seu sono é ser negligente com a sua saúde, já que ele desempenha um papel fundamental no funcionamento de quase todos os sistemas do corpo.
“Assim como comer bem e fazer atividade física, o sono deve ser prioridade na nossa vida. Ele faz parte do tripé da nossa saúde”, lembra Sandra Doria, otorrinolaringologista com especialização em Medicina do Sono.
O que a falta de sono provoca:
- Aumenta as chances de depressão, ansiedade, transtornos mentais
- Oscilação no humor
- Diabetes
- Doenças cardiovasculares
- Problemas sexuais
- Riscos de acidentes
- Desequilíbrios hormonais
Os benefícios de dormir bem
Sandra Doria cita três impactos positivos do sono na nossa saúde:
- Sistema cardiovascular
“Quando dormimos, temos um predomínio do sistema nervoso parasimpático, quando você tem a desaceleração do ritmo cardíaco, da pressão arterial, regularidade de ritmos. Isso é muito favorável para o repouso que o sistema cardio precisa”.
- Equilíbrio emocional
“Durante o sono, temos uma faxina cerebral. É quando tiramos do cérebro tudo o que não é necessário armazenar e foi excesso durante o dia. Essa faxina ajuda a evitar distúrbios de depressão, ansiedade, impulsividade”.
- Sistema imunológico
“Em tempos de pandemia, ficamos preocupados com nosso sistema imunológico. Para nos defender bem, precisamos do sono reparador. Não à toa, quando estamos doentes temos mais sono. Isso acontece porque nosso corpo nos obriga a dormir. É quando o exército de defesa do corpo age mais. Estudos já mostraram, por exemplo, que pacientes privados de sono desenvolvem mais sintomas de gripe, mais reação à vacina”.
A privação de sono não deve ser normalizada. E o sono não deve ser só quantificado. “Para um bom sono você precisa de quantidade, qualidade e ritmo – horários regulares para dormir e acordar”, finaliza a otorrinolaringologista.
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